Um dia vou ser magnífico e vou escrever um livro! Um dia vou ser magnífico e vou sentir um livro!
Eu compro carne 100% nacional, porque tal como ela, eu também sou nascido, criado, alimentado, abatido e desmanchado em Portugal.
Falta-me ser abatido é certo, e ainda não estou completamente desmanchado, mas com os brandos costumes do nosso país e a gritante falta de cultura que por cá impera, caminho a passos largos para tal estado!
É por isso que aconselho todos os portugueses que gostam de comer espetadas de porco ou bifinhos de vitela a comprarem, também eles, carne 100% nacional! Faça o mesmo quem prefere o peixe, porque o que é nacional é bom, já diziam uns senhores há uns tempos.
Bem, e assim como assim, vale mais sermos infectados com doenças através de carne nacional do que por uma qualquer carne estrangeira de sexta categoria. Doentes, mas honradinhos por serem doenças 100% nacionais!
A semana passada dirigi-me ao balcão das Finanças das Laranjeiras como sabem. Hoje venho aqui confirmar que voltei, já munido de B.I. e curiosamente não fiquei muito tempo à espera, uns maravilhos 10 minutos! Nada mau!
A vida nem sempre é madrasta!
Saúde: Segunda feira será um dia decisivo, atenção!
Dinheiro: Chegou!
Amor: Não chegou...
Número da sorte: O 3, dos 3 pontos que se espera que o Benfica ganhe na segunda!
E há falta de melhor, o dia hoje vai-se entretendo com peripécias caricatas!
Acabei de fechar a porta a duas simpáticas senhoras que se intitulavam Testemunhas do nosso senhor santíssimo, ou coisa que o valha.
Para começar é impossível serem testemunhas porque a coisa, a ter-se dado, deu-se há uns milhares de anos. Depois a fé e a crença não vão lá com simpatias nem com uma introdução do estilo "jovem, andamos a conversar com as pessoas", ou bem que sim ou bem que não. Acho ultrapassado esta coisa mormonesca de andar porta a porta a divulgar a palavra do senhor. A internet já serve para tanta coisa. Era só enviarem um e-mail com a palavra do tal senhor de quem foram testemunhas e pronto, quem queria ler li-a, quem não queria carregava no delete. Assim tive de parar o que estava a fazer para ir abrir a porta.
Além do mais, deviam ser senhoras muito responsáveis, porque a luz das escadas estava apagada e não tocaram à campaínha, bateram levemente à porta, assim poupa-se electricidade. Ou talvez tenha sido o senhor a dizer para não fazerem estardalhaço quando chateiam as pessoas. E hoje em dia um bater à porta é realmente mais estranho e intrigante do que um simples toque de campaínha. Também se pode dar o caso de o senhor não escolher pessoas inteligentes para divulgar os seus ensinamentos e pelos exemplos que vou vendo, inclino-me mais para esta hipótese.
Por último, iam-me conquistando com a última frase, aliás, a penúltima, que a última foi "jovem, não se esqueça de apagar a luz", obrigado senhor(as). Mas a penúltima foi formulada como pergunta e versava assim: "O jovem não religioso?"
Bom, se assim que a senhor(a) abriu a boca eu disse logo que não queria conversar...
E esta é a história de quando o senhor mandou duas senhoras subirem ao 4º andar para me tentar entrar em casa.
Hoje aconteceu-me uma coisa coisa maravilhosa. Dirigi-me às Finanças da Loja do Cidadão das Laranjeiras e qual não foi o meu espanto ao retirar a minha senha e ver que era a próxima pessoa a ser atendida! Todo eu me tornei júbilo e esperança que este acontecimento fosse um sinal de boa fortuna para os próximos tempos.
A campainha demorou a soar, mas quando soou e vi o meu número ali no placard, 210, dirigi-me com toda a alegria e confiança para a mesa número 2.
O senhor funcionário respondeu-me com um risonho olá ao que eu respondi com um, boas tardes, quero reabrir actividade! Que orgulho, receber um papel a dizer que se está outra vez no activo.
Bom, cartão de contribuinte e B.I. para fora da carteira. Cartão de contribuinte sim, mas e o B.I.? Oh não...o B.I., onde está? Cu cu! Não'tá'qui!
Pois é! Já ouviram de certo dizer que nosso senhor às vezes dá com uma mão e tira com a outra! Eu como não acredito nele digo que é a vida que dá com uma mão e tira com a outra.
O sentimento de depressão e raiva sobrepôs-se ao do júbilo anterior. Da próxima vez que me dirigir ao mesmo sítio, de certeza que vou ter o B.I., mas de certeza que vou ter uma senha 30 números à frente do que está no placard...
E assim vai a minha vida, titubiantemente aos sobressaltos!
Saúde: Se bem...
Amor: Desista, já lhe disse...
Dinheiro: Está quase a vir!
Números da sorte: Trabalhe e cale-se com a sorte.
Um dia elas disseram que não, que devia ler mais, que devia ser mais carinhoso, que devia ser menos apressado, menos stressado.
Um dia elas disseram que era demasiado gordo, um dia disseram que gostavam de barrigas, outro dia disseram que já não gostavam de barrigas.
Um dia elas disseram que a pele era sedosa e apetitosa, um dia depois deste ela disseram que a pele estava seca e tinha perdido qualidades.
Um dia elas disseram que devia era ter juízo, ter mais calma outra vez, ter mais pausa outra vez, ter menos stress outra vez, ter menos amor outra vez.
Um dia elas disseram que estavamos um para o outro, um dia elas disseram que estar um para o outro não chegava, e um dia elas disseram que se calhar até queriam, mas que se calhar não dava não sabem bem porquê!
Um dia o que elas disseram entrou por um ouvido e saiu por outro, depois deu a volta e voltou a entar no ouvido e a sair por outro, e depois de sair outra vez a entrar outra vez e outra e outra e outra, e o ficar zonzo foi demais e caí ao chão, levantei-me e o que tinha entrado por um ouvido e saído por outro voltou a entrar no primeiro ouvido e a sair pelo outro, e outra vez igual e outra ainda e mais uma outra e outras tantas até voltar a cair e a levantar-me.
Um dia elas disseram que o que eu queria sabiam elas.
Um dia elas disseram que era simplesmente impecável e boa pessoa, mesmo muito interessante e entusiasmante, mas devia guardar este interesse todo e ir pregar a outra esquina, onde um dia elas me vão dizer que a esquina já está cheia.
Um dia elas disseram que "é tão bom uma amizade assim, ai faz tão bem saber com quem contar, eu quero ir ver quem me quer assim, é bom para mim e é bom para quem tão bem me quer". Um dia elas disseram que vou ser um amigo dos grandes para toda a vida.
Um dia elas vão dizer que se calhar se enganaram por não terem deixado a esquina livre para eu poder pregar a toda a hora. Nesse dia eu vou querer dizer para irem morrer longe, mas nesse dia não vou ter coragem e vou deitar-me ao chão só para que não me volte a entrar nada por um ouvido e a sair por outro.
Um dia vai chegar um dia!
No tempo em que os homens rudes imperavam,
os bandidos nas cruzes penduravam,
hoje que vivemos na época das luzes,
no peito dos bandidos penduram cruzes.
Saúde: Nada de relevante, mesmo.
Dinheiro: Espere um bocadinho mais até ao fim do mês e vai ver que a coisa estará melhor.
Amor: Esqueça lá isso. "What will be, will be!".
Números da sorte: Não lhe auguro sorte.
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