A palavra certa é deliciado. Sim, ando deliciado com a possibilidade de não haver debates televisivos entre os líderes dos partidos com assento na Assembleia da República.
Tenho para mim que vivemos numa sociedade cada vez mais mediática e mediatizada, os próprios políticos assim o reconhecem e tudo fazem para se manter a par. É então intrigante não terem ainda chegado a acordo para debaterem as suas ideias a quem os vai eleger, no meio mais mediático de todos. Porque sim, embora esteja a perder pontos a olhos visto para a Internet, a velhinha televisão continua a ser líder.
Faço aqui uma ressalva em relação a PCP, Bloco de Esquerda e CDS-PP. Por estes três partidos teremos quantos debates quisermos. São claramente José Sócrates e Manuela Ferreira Leite quem perturba e atrasa este processo.
Será medo? Será desinteresse em que os portugueses conheçam as suas propostas? Será que Ferreira Leite se sente incapaz de encarar Sócrates nos olhos? Será que Sócrates se sente impreparado para debater economia com a sua adversária.
Bom, não sei o que será, mas ás tantas, como dizia o outro, será mesmo do Guaraná! É que o Guaraná excita, e talvez andem todos excitados e desregulados mentalmente.
Porque sejamos realistas, sem debates não se escolhem as ideias dos candidatos, apenas se vota naquele que se acha mais capaz por isto ou por aquilo. Não estão, com certeza, o partidos à espera que o povo vá a comícios do "adversário" para ser convencido a virar de casaca. Se eu um dia for ao Estádio do Dragão não vou la para ser convencido a mudar de clube, vou lá para ver o Porto a perder, o mesmo se passaria num comício de um partido que não me diga respeito.
Perante todo este cenário, miserável por sinal, só me apetece utilizar Raid ao redor de certas sedes partidárias, é que isto realmente "é o fim da picada"!
Vou mudar de casa. Decidi há uns minutos começar a arrumar umas tralhas, já tenho dois caixotes cheios e um saco do lixo para deitar fora.
Descobri algo que já desconfiava há muito tempo, sou daquelas pessoas que prefere guardar as lembranças e as informações na gaveta da memória. Não sei se faço bem ou mal, mas pelo menos percebo que tenho muito menos coisas para transportar do que imaginava. Este lado prático deixa-me contente e mais aliviado das costas, mas será que daqui a uns anos não me vou arrepender? Será que daqui a uns anos vou querer rever Barcelona em fotografia e não vou ter? Rever Milão em fotografia e não vou ter? Rever Buenos Aires em fotografia e não vou ter? E se a passagem por estes sítios se apaga da minha memória? Deixam de existir provas de que lá estive e de passei bons momentos.
No fundo é a memória de algo que marca a nossa passagem por algum sítio ou por alguma pessoa, e se continuar a deitar ao lixo um terço das coisas que estou a arrumar talvez perca um terço da minha vida.
Espero continuar a conservar uma boa memória.
Por vezes nem a Kate Moss ajuda a relaxar, pelo menos a mim nunca ajudou! Mas enfim, quando não sabemos muito bem o que fazer é porque se calhar estamos confortáveis de mais! A ver se um dia destes levanto o rabo do sofá.
Odeio a justiça lenta.
Odeio as listas de espera de anos para fazer uma operação no SNS.
Odeio pessoas sem formação ética a chamarem-se "senhor deputado" na Assembleia da República.
Odeio o 8 e o 80.
Odeio o Isaltino Morais e outros autarcas que tais.
Odeio que o PSD e o PS sejam uma coisa na oposição e outra no governo.
Odeio que se fala em reforma da educação desde que me conheço.
Odeio o desprezo que se dá à cultura.
Odeio o suposto amor que temos ao futebol quando no fundo o que se anda a fazer é matá-lo aos poucos.
Odeio a pouca importância e valor que se dão a quem realmente fez alguma coisa de jeito neste e por este país.
Odeio que se ache que a música estrangeira é que é a melhor.
Odeio que o festival da canção já não tenha grandes músicos e compositores.
Odeio que vá toda a gente para o Algarve no verão.
Odeio que se fale mal do país aqui dentro mas que quando se viaja já somos os maiores.
Odeio o Pinto da Costa e toda a corja de "futeboleiros" que suportamos há dezenas de anos.
Odeio quem diz que "um Salazar em cada esquina é que era" e que "o Salazar foi muito bom porque nos livrou da guerra e nos tirou da bancarrota".
Odeio que haja uma enorme percentagem de portugueses que nem um livro lê durante um ano.
Odeio que tenhamos 3 diários desportivos, e pior, que mesmo que o Nélson Évora seja campeão do mundo, a primeira página seja sempre com uma lesão de um gajo que tenta jogar futebol.
Odeio a deterioração das linhas editoriais de quem manda nos media.
Odeio a enorme quantidade de lobbies e corporações num país tão pequeno.
Odeio que a música pimba ainda passe na TV.
Odeio que o Miguel Sousa Tavares e a Margarida Rebelo Pinto tenham uma quantidade enorme de best-sellers.
Odeio que quase não haja cinema português e que quando há ninguém vá ver só por ser português.
Odeio quem vota Bloco de Esquerda.
Odeio que não haja mais produtos portugueses nos supermercados e mercearias.
No fundo odeio isto tudo e mais algumas coisas, mas a única que não odeio mesmo é ser português! Infelizmente parece que cada vez é mais desprestigiante sê-lo. Pergunto-me até se vale a pena lutar pelo rectângulo ou se devo simplesmente fechar os olhos. Ou então emigro para a Austrália, sempre tenho a desculpa das horas de voo para não ter de vir cá aturar esta palhaçada toda!
E o Jornal da Tarde do canal do Estado hoje abriu com os resumos dos jogos de ontem da Primeira Liga de futebol.
Mais um sinal evidente que, das duas uma, ou realmente estamos na silly season e a notícia mais importante neste país é a visita de Paulo Portas a outra feira, ou então o jornalismo em Portugal, principalmente as suas linha editoriais, continuam pelas ruas da amargura e completamente viradas do avesso.
Beija-me enquanto estás longe e não voltas. Assim custa-te menos. Ficas livre e tua na mesma. Um beijo atirado de longe para mim já era suficiente. Um beijo. Atirado. De longe. Com força para me acordar. Mas não tanta assim que me possa escapar. Quero aproveitá-lo para sempre. Vou fazer uma caixa em forma de coração e pô-lo lá dentro. Depois sempre que quiser espreito por um ventrículo. Espero no entanto que o colesterol da minha vida não obstrua a visão dos teus lábios a espremerem-se e a ficarem mais vivos.
Não me dês um beijo daqueles muito babados. Não quero. Quero-te limpa como estás sempre. Nem sequer quero muita língua pelo meio. Só serve para distrair. Não se deve abusar no entusiasmo. As coisas boas são para durar muito tempo. Não devemos esgotá-las logo.
Um beijo atirado de longe para mim já era suficiente. Com a força certa para nos juntar.
Beija-me enquanto estou longe e não voltas. Assim custa-te menos. Fico livre mas teu na mesma.
E hoje foi o dia em que morreu um dos maiores actores e humoristas que o rectângulo já viu passar por cá.
Simplesmente a minha homenagem a alguém com talento e que, mais importante ainda, sempre manteve uma conduta profissional extremamente correcta e uma lucidez intelectual notável.
Obrigado.
A palavra delicodoce.
Aqui está mais uma prova da existência de Deus, desta vez em prosa. Lê-se de uma vez. Fez-me ver o Rio, as pessoas, o vestido laranja da Matilde, e sobretudo fez-me olhar o mar e ver que as nossas memórias e a memória de quem somos, são como a pegada que deixamos na areia molhada. Mais onda menos espuma desaparecem.
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