Não interessa o resultado. Não interessa que o Sporting tenha desperdiçado a oportunidade única de ganhar ao Benfica. Não interessa que, sem muito esforço, o Benfica tenha decidido atacar e marcar e o tenha conseguido. Não interessa que depois disso tenham faltado pernas ao Benfica. Não interessa que o Benfica tenha tido mais oportunidades flagrantes. Não interessa que o Benfica tenha tido 3 jogadores lesionados. Não interessa que o Sporting ainda não tenha dado o click para o nível dos títulos. Não interessa que a melhor contratação do Sporting esta época se chame Leonardo Jardim. Não interessa que essa contratação se tenha acagaçado e retraído quando não devia. Não interessa que o Markovic tenha tudo para ser um ídolo mundial. Não interessa que o Bruno Carvalho pareça um miúdo a festejar os golos do Sporting. Não interessa que o Rúben Amorim tenha feito um dos seus melhores jogos no Benfica. Não interessa que o lateral direito do Benfica, neste momento, tenha de ser o André Almeida. Não interessa que o Lima ande perdido em campo sem o Cardozo ao lado. Não interessa que o Maxi tenha feito uma falta - dura - só para amarelo. Não interessa que o golo do Sporting seja em fora de jogo. Não interessa o penalty claro sobre o Cardozo.
Nada disso interessa. Só interessa uma coisa: a luta de classes, como sempre! Só interessa que os apanha-bolas do Sporting sejam todos betinhos, com cabelo "à fodass".
Devemos agradecer ao Sporting. O Estádio Alvalade XXI é talvez o único lugar do mundo onde os betinhos fazem trabalho braçal. Mas o Sporting é um clube de viscondes, de aristocratas, seria de esperar que os betinhos dos apanha-bolas fossem mais leais, como todos os cavalheiros da nobreza devem ser. Mas não, postos perante um trabalho manual portam-se como todos os outros apanha-bolas da plebe e do proletariado: tentam sobreviver, usam a matreirice para ficarem com a boca fora de água, "esquecem-se" de devolver e apanhar as bolas quando ela pertence ao adversário, por vezes chegam a devolver-lhes a bola um bocadinho para o lado.
O jogo de ontem entre Benfica e Porto foi um belo espelho do que se passa na política e na vida deste país a que chamamos Portugal.
Depois do jogo, dirigentes, treinadores, jogadores e outros intervenientes do dito, decidiram fugir, mais uma vez, à análise fria do que se passou nas quatros linhas e preferiram, mais uma vez, a demagogia das arbitragens e das picardias psicológicas. Tal como PSD e PS fazem em relação a atribuição de culpas e responsabilidades políticas e defesa de honra por incumprimentos no regimento parlmentar, também no futebol o mais importante é sacudir a água do capote, não apresentar alternativas de melhora e dizer que há um factor externo que pôs uma vitória ou uma decisão política acertada em risco.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
. Sporting: o campeão da au...