São três dias em que o mundo gira mais certo. São três dias em que os braços se lançam em abraços fáceis. São três dias em que os ombros juntos são mais fortes e resolvem todos os imponderáveis, todos os impossíveis. São três dias em que não há desculpa para não sorrir, mesmo quando o cansaço e a responsabilidade nos apertam a barriga. São três dias em que mostramos tudo o que fizemos num ano e projectamos o seguinte. São três dias onde nos unimos ainda mais. São três dias de festa, de suor e pó. São três dias em que os homens e as mulheres contam sempre mais que o acessório. São três dias, camaradas.
O governo de Passos Coelho e Portas - e Cavaco -, é provavelmente o governo que enfrentou mais contestação pública desde a constituição da Assembleia da República. Greves gerais, greves sectoriais, manifestações sindicais, manifestações de outros movimentos sociais, manifestações de partidos, concentrações, acções, protestos em plena A.R., esperas públicas, invasão de palestras, tem sido este o variado menu de protesto e de proposta de alternativas de Esquerda. Precisamos de o manter e de o alargar, quer na quantidade quer na qualidade.
A coisa só se dá com união, ponderação e determinação. Têm sido muitos a pedir a união das "esquerdas" - coloquem o PS dentro ou fora disto, conforme vos apeteça ideologicamente - e têm sido muitos a trabalhar para essa desunião, muitas das vezes têm sido os mesmos a fazer as duas coisas em paralelo. A bandeira da unidade é frágil, tem um pano enorme e um pau muito pesado, não se ergue com palavras, segura-se com actos.
A crítica costuma rondar sempre a mesma questão: a CGTP e os partidos da esquerda parlamentar não mantêm as pessoas na rua.
A CGTP e a esquerda parlamentar têm os seus percursos, as suas ideias, as suas formas de fazer e os seus caminhos. Durante anos - décadas no caso da CGTP e do PCP - deram luta ao fascismo, ao "soarismo", ao "cavaquismo" e agora ao liberalismo económico. Estas lutas não lhes dão autoridade moral em relação aos mais novos e menos experientes, dão-lhes apenas História e maior organização. Em todos esses anos deram passos em frente e passos atrás, reinventaram-se, bem umas vezes e mal outras. Quem está com eles em muitas das suas reivindicações e ideais mas não concorda com os seus planos de acção só tem uma coisa a fazer: meter as mãos à obra e criar o seu espaço.
Precisamos urgentemente de uma alternativa de esquerda que acabe com o memorando da Troika, que calcule o deve e haver real da dívida pública e que passe a governar para o povo e com o povo. Precisamos que o compromisso com estas ideias seja o mais alargado possível.
Hoje, o Bloco de Esquerda decidiu convidar o PCP e o PS para uma ronda de reuniões que possa ajudar a criar esta alternativa governativa de esquerda - ignoram o PEV, como o fazem a direita e todos os comentadores políticos. Mas esperem lá, o PCP não tinha, ontem, convidado o BE, o PEV, e a ID para o mesmo efeito? E não está, neste preciso momento, o PS a reunir com o CDS e o PSD para tentar salvar o actual memorando e manter este governo em funções?
A Esquerda tem duas hipóteses à sua frente:
1- a mais rápida mas mais improvável e menos sólida: fazer com que os (poucos) socialistas do PS de lá saiam e se juntem a essa Esquerda, ou que por lá influenciem o partido a virar para o lado certo;
2 - a mais lenta mas mais provável e mais sólida: excluir o PS - dado que parece estar a traçar o seu caminho com o arquinho e o balão da governação - e criar uma frente social de Esquerda que paulatinamente vá fazendo o seu caminho, crescendo e criando massa crítica e suporte popular.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
. Festa
. Portugal não é a Grécia. ...