Domingo, 27 de Outubro de 2013

Portugal não é a Grécia e eu estou desempregado

 

 

Portugal não é a Grécia e eu estou desempregado, um actor desempregado. Em Novembro volto à labuta. À bilheteira e sem direitos, que é para não pensar que desaperto o cinto das calças. Os humanos não passam sem pão e água e os países não existem sem Cultura. O Coelho gosta da Nini e do Lá Féria, o Costa dá praças ao Tony. Na Ajuda o cacilheiro está sempre primeiro. Portugal embarcado e emigrado. Portugal afundado e eu continuo desempregado.

 

De Bragança até Faro: corta na saúde, corta na educação, corta na cultura, corta na dança, corta no cinema, corta no teatro. E depois? Depois privatiza, privatiza filho. O Teatro S.Carlos Santander Totta apresenta! O Teatro Sonae S.João vai estrear! O D.Maria II BPN orgulha-se de apresentar: Duarte e Loureiro a caminho da Carregueira!...há coisas que só mesmo no teatro...

 

"Artigo 78.º, Fruição e criação cultural, ponto 1: Todos têm direito à fruição e criação cultural, bem como o dever de preservar, defender e valorizar o património cultural." Porra para a constituição...o que é que a constituição já fez por ti hoje? O que é que a porra da constituição já fez por ti alguma vez na vida? Queime-se a constituição, queime-se o código do trabalho, glória ao pai, ao filho e ao trabalho temporário!


Portugal não é a Grécia e eu estou desempregado.


E quero ainda dizer, que isto aqui, que isto aqui, é uma cambada de activistas, uma cambada de sindicalistas e uma cambada de lambões! Vão trabalhar, porra! Vão p'rá estiva 80 horas por semana, vão lavar escadas às 5h da manhã, vão ter dois empregos que é bom p'rá tosse, vão chapar massa em cima de andaimes, trabalham e ainda vêem a vista, vão servir às mesas, ficam com varizes, mas trabalham os gémeos, estão desempregados? Apanhem o cacilheiro gondoleiro. E a Luísa? Continua a subir a calçada...


Deus no céu, Soares dos Santos na terra. Pingo Doce, venha cá! Venha cá ver como se destrói a produção nacional, venha cá ver como se faz uma fundação instrumental. Pingo Doce: um litro de vinho aliena e estupidifica um milhão de portugueses. O Pingo é mais doce com a sede na Holanda, o Pingo quer ir ser ainda mais doce para o meio da Colômbia, o Pingo já é doce na Polónia do Wojtila. Pingo Doce: erva, coca, igreja e exploração, e tudo sem custos de produção.


Portugal não é a Grécia e eu estou desempregado.


E queria chamar para junto de mim Isaltino Afonso de Morais! E queria chamar para junto de mim Alberto João Jardim! E queria chamar para junto de mim Avelino Ferreira Torres! E queria chamar para junto de mim Valentim Loureiro! E queria chamar para junto de mim Oliveira e Costa! E queria chamar para junto de mim Alves dos Reis! E queria chamar para junto de mim Al Capone!


"Artigo 20.º, Acesso ao direito e tutela jurisdicional efectiva, ponto 1: A todos é assegurado o acesso ao direito e aos tribunais para defesa dos seus direitos e interesses legalmente protegidos, não podendo a justiça ser denegada por insuficiência de meios económicos." Alguém tire a venda à Justiça, por amor da Constituição.


"Artigo 74.º, Ensino, ponto 1: Todos têm direito ao ensino com garantia do direito à igualdade de oportunidades de acesso e êxito escolar. Artigo 75.º, Ensino público, particular e cooperativo, ponto 1: O Estado criará uma rede de estabelecimentos públicos de ensino que cubra as necessidades de toda a população. Artigo 64.º, Saúde, ponto 1: Todos têm direito à protecção da saúde e o dever de a defender e promover. Ponto 2: O direito à protecção da saúde é realizado: alínea a) Através de um serviço nacional de saúde universal e geral e, tendo em conta as condições económicas e sociais dos cidadãos, tendencialmente gratuito." Ah, maldito tendencialmente! À venda neste leilão temos também um artigo de grande valor económico, um maravilhoso contrato swap dirigido à sua PPP de estimação, esqueça a lei fundamental do seu país e governe-se com artigos financeiros do mais tóxicos que há. Sabe qual é o preço certo?


Portugal não é a Grécia e eu estou desempregado.


Faz-me um bocadinho de impressão que 15 pessoas por mais eminentes que sejam tenham o poder de condicionar a vida de milhões de pessoas da forma como têm”(1), a saber: O Ulrich dos aguentas, o Catroga dos pintelhos, o Ferreira do Amaral das pontes, o Luís e o Nuno Amado dos bancos, o Ulrich dos aguentas, o Salgado dos espíritos santos, o Belmiro dos carnavais, o Durão dos caldos entornados, o Pires de Lima das cautelas, o Seguro do qual é a pressa, o Ulrich dos aguentas, o Moedas dos especialistas adolescentes, o Portas dos submarinos e dos vices, o Passos Coelho das enxadinhas para trabalhar, o Cavaco dos muito, muito, muito, muito, muito, muito, muito...e as pistolas do Buiça? Emigraram com ele para a Suíça. Foi ao Campo Pequeno não havia viv'alma, no Terreiro do Paço estavam umas pessoas a correr patrocinadas pela telefonia, pegou na mulher e nos filhos e toca de zarpar. Já não teve de dar o salto, mas as lágrimas caíram-lhe na mesma.


"O que é que não temos? Satisfação! O que é que nós queremos? Revolução!"(2) Hoje é outra vez o primeiro dia do resto das nossas vidas, temos todos e todas um brilhozinho nos olhos. A austeridade não é inevitável. O pensamento não é único. Eu cruzei a ponte. Pára o porto, pára Coimbra, pára Braga, pára Viseu, pára o Funchal, pára Vila Real, pára Évora, pára tudo! O Alentejo é nosso outra vez. "A paz, o pão, habitação, saúde, educação. Só há liberdade a sério quando houver liberdade de mudar e decidir, quando pertencer ao povo o que o povo produzir."(3) "Não nos venham com cantigas, não cantamos para esquecer, nós cantamos para lembrar que só muda esta vida, quando tiver o poder o que vive a trabalhar."(4) Se o ataque é brutal, a greve é geral. Salários e pensões não pagam dívidas, o empobrecimento não paga dívidas, a exploração não paga dívidas. Trabalhadores e trabalhadoras em luta contra a carestia de vida. A troika cheira mal dos pés, a troika é burra, morra a troika, morra pum! A troika é a velha, mas nós não somos nêsperas.


Spartacus morreu na cruz, a Revolução Francesa morreu na cruz, o 25 de Abril ainda está na cruz, é tempo de o resgatarmos.

"Artigo 1.º, República Portuguesa, Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular, e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária."


Liberdade, igualdade, fraternidade. Eu sou Spartacus. O povo, quando estiver unido, jamais será vencido.


"Artigo 21.º, Direito de resistência: Todos têm o direito de resistir a qualquer ordem que ofenda os seus direitos, liberdades e garantias e de repelir pela força qualquer agressão, quando não seja possível recorrer à autoridade pública." A austeridade ofende os meus direitos, as minha liberdades e as minhas garantias.


Liberdade, igualdade, fraternidade. Eu sou Spartacus. Portugal não é a Grécia e eu estou desempregado, mas resisto. A maré vai-se levantar. Eu cruzei a ponte. Não há becos sem saída. O Povo contra-ataca. Nós ou a troika?



Texto lido na manifestação de dia 26 de Outubro

(1) Fernando Ulrich, aqui há dias, demonstrando o carinho que tem pelos juízes do T.C.

(2) Revolução

(3) Sérgio Godinho, "Liberdade"

(4) Fausto, "Uns vão bem e outros mal"

Todos os artigos retirados da Constituição da Repúblia Portuguesa

publicado por swashbuckler às 10:21
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Quarta-feira, 3 de Julho de 2013

Está tudo louco!

 

 

 

Isto hoje vai ser sobre os risos e os sorrisos. Sobre os sorrisos amarelos na tomada de posse da Miss Swap. Sobre os sorrisos cúmplices das pessoas que, na rua, souberam que Portas se tinha demitido. Sobre os risos gargalhados que essas mesmas pessoas deram, em casa, quando ouviram Passos Coelho a dizer que a bola era dele e que os outros meninos não jogavam sem ele. Sobre os risos nervosos e incrédulos que vamos continuar a dar até o governo se esfumar de vez.

 

Não vale a pena analisar o dia de ontem, não há análise racional possível. Só gostava de saber porque é que ainda não legalizamos todo e qualquer consumo de drogas, leves, pesadas, alucinogénicas e mirabolantes. É que de certeza que na Lapa, no Caldas e em Belém, há dealers a enriquecer. Empreendedores.

 

Vale a pena olhar para os risos e sorrisos verdadeiros que queremos ter na cara quando nos livrarmos desta gentinha.

 

 

 

publicado por swashbuckler às 14:15
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Terça-feira, 2 de Julho de 2013

"In memoriam": Vítor Gaspar (06/2011 - 07/2013)

 

Foi-se! Foi-se o ministro do enorme aumento de impostos, do desvio colossal, das condições climatéricas adversas. Foi-se o ministro que frisou não ter sido "eleito coisíssima nenhuma". Mas não nos chega.

 

Foi-se e não deixou os seus créditos por mãos alheias. A carta que escreve a Passos Coelho e ao país é um tratado político que destrói o pouco futuro que o actual governo tinha. Com um Presidente da República dos sérios e num país mais democrático que o nosso, esta seria a gota final para fazer transbordar o copo e afogar a coligação. De Belém não chegará a boa nova e as desventuras continuam a ser só nossas, do Povo.

 

Com esta carta ficamos a saber várias coisas: tínhamos um ministro das Finanças demissionário desde Outubro; temos um governo 100% dividido; o executivo não tinha uma liderança; Gaspar é e será sempre um ser irónico - sarcástico até -, pouco solidário, autoritário e mais esperto que uma enguia.

 

Que fazer então para que este governo cada vez mais esventrado abandone de uma vez o poder? Continuar a lutar. Esta é a principal e motivadora ilacção que temos a tirar desta história.

 

Fazendo um breve resumo de alguns dos momentos mais importantes da luta contra este governo: 

 

 

 

publicado por swashbuckler às 13:21
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