O governo de Passos Coelho e Portas - e Cavaco -, é provavelmente o governo que enfrentou mais contestação pública desde a constituição da Assembleia da República. Greves gerais, greves sectoriais, manifestações sindicais, manifestações de outros movimentos sociais, manifestações de partidos, concentrações, acções, protestos em plena A.R., esperas públicas, invasão de palestras, tem sido este o variado menu de protesto e de proposta de alternativas de Esquerda. Precisamos de o manter e de o alargar, quer na quantidade quer na qualidade.
A coisa só se dá com união, ponderação e determinação. Têm sido muitos a pedir a união das "esquerdas" - coloquem o PS dentro ou fora disto, conforme vos apeteça ideologicamente - e têm sido muitos a trabalhar para essa desunião, muitas das vezes têm sido os mesmos a fazer as duas coisas em paralelo. A bandeira da unidade é frágil, tem um pano enorme e um pau muito pesado, não se ergue com palavras, segura-se com actos.
A crítica costuma rondar sempre a mesma questão: a CGTP e os partidos da esquerda parlamentar não mantêm as pessoas na rua.
A CGTP e a esquerda parlamentar têm os seus percursos, as suas ideias, as suas formas de fazer e os seus caminhos. Durante anos - décadas no caso da CGTP e do PCP - deram luta ao fascismo, ao "soarismo", ao "cavaquismo" e agora ao liberalismo económico. Estas lutas não lhes dão autoridade moral em relação aos mais novos e menos experientes, dão-lhes apenas História e maior organização. Em todos esses anos deram passos em frente e passos atrás, reinventaram-se, bem umas vezes e mal outras. Quem está com eles em muitas das suas reivindicações e ideais mas não concorda com os seus planos de acção só tem uma coisa a fazer: meter as mãos à obra e criar o seu espaço.
Nota prévia: quando se diz "participantes da Color Run", quer dizer-se "aqueles que acham que manifestações não servem para nada"; "aqueles que só protestam no sofá"; "aqueles que não fazem nada porque os políticos são todos iguais e só querem é poleiro"; "aqueles que são a favor das greves mas acham que elas deviam ser substituídas por uma outra forma de luta, milagrosa!"; "aqueles que sabem que o país está mal mas não se metem em politiquices porque não percebem nada"; etc...acho que já perceberam o ponto.
Nota prévia (2): ilibam-se do texto que se segue, e portanto não podem ser identificados como "participantes da Color Run", os que estão a favor da manutenção deste governo e destas políticas. Esses são só coerentes, têm direito de ir a todas as "Colors Runs" que existirem.
O governo está podre - ia dizer irrevogavelmente podre mas já há tanta piada com esta palavra que não vale a pena. O governo mostrou a sua raça e deu razão a quem disse que, para além de praticar políticas erradas, este era um governo de conveniência em que nenhuma das partes gostava da outra. Têm, e terão, objectivos comuns, sempre: destruir o Estado Social e lucrar com todas as privatizações possíveis e imaginárias, queimar a maior quantidade de direitos garantidos aos trabalhadores e trabalhadoras, destruir ainda mais a produção nacional - ao contrário do que dizem sempre - para que Portugal esteja sempre, e cada vez mais, dependente do dinheiro estrangeiro.
O que devemos então fazer para mostrar ao Cavaco que já passa da hora e este governo tem de ir embora? Vir para a rua.
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