Neste artigo do portal do MAS, o Gil Garcia pergunta ao Rui Tavares: mais um partido para quê? Partilho a pergunta mas guardo-a para mim. Mais a guardaria se fizesse essa pergunta com base num texto completamente oco e esquecendo que o Rui Tavares poderia devolver a pergunta ao Gil Garcia, líder - ou coisa que o valha - do mais recente partido oficializado de Esquerda, o MAS.
Diz Garcia que o Tavares - fulanizando o LIVRE numa única pessoa durante todo o texto: estamos perante um paradoxo que se reflecte a cada passagem diante de um espelho - não vem acrescentar nada de novo ao panorama da Esquerda portuguesa e que pouco o separa do BE e até do PS. Bom, apesar de achar que a virtude não está entre o BE e o PS, já não é mau que este novo partido toque as ideias destes dois partidos, é sinal que se calhar é um partido diferente dos que existem, deve ser o tal "meio da esquerda" a que o Rui Tavares aponta.
Continua Garcia dizendo que o Rui Tavares está a criar uma provável muleta para um governo do PS. E não tem todo o direito de o fazer? Depois questiona quais são as posições do LIVRE em relação a temas como a dívida e a troika, e diz que as respostas são similares às de, novamente, BE e PS mas acrescenta o PCP no meio desta alhada. Caramba, então mas afinal o LIVRE também já tem similitudes com o PCP? Se calhar é mesmo um partido que até hoje não existia. Pelos vistos aglutina ideias de socialistas, bloquistas e comunistas. Se isto faz sentido é que eu já não sei, mas que realmente até há aqui alguma diferença por causa do espectro que tenta abranger, até há.
Em alturas de crise há quase sempre um fenómeno que ganha força e que nos entra pelos olhos e ouvidos dentro todos os dias: o populismo. Este fenómeno pode sustentar ideologias de todo o tipo, mas serve, sempre, para reforçar o pensamento único e para impor a saída que se tenta apresentar como a única razoável perante a inevitabilidade.
O populismo por vezes desfaz tudo quanto está dentro do "sistema" vigente prometendo uma revolução que libertará o povo para sempre, noutras ocasiões contrapõe aos argumentos que se lhe opõe ideias fortes mas facilmente rebatíveis e que apenas fazem o seu caminho e ganham o seu espaço porque são repetidas ad nauseam.
A Europa já sofreu com populismos vários e quase sempre com o mesmo desfecho, guerras civis ou internacionais e estados que se tornaram fortemente repressivos, aprisionando e expulsando quem pensava de outra forma. Em Portugal, o populismo apareceu quase sempre - em escala nacional - do lado da direita, e a actualidade não é diferente. Esconde-se um plano de ataque aos direitos básicos das pessoas em nome de um conto de fadas capitalista.
Hoje chegaram-me aos olhos dois textos que ajudam a desmascarar algumas ideias feitas sobre os partidos, os movimentos e sobre os perigos de aceitar algumas ideias simples e compreensíveis como certas. Este texto da Wu Ming Foudation e o texto de Francisco Louçã no Público de hoje, dão tiros certeiros nas máscaras do Movimento 5 Estrelas e na ideia peregrina de que as primárias nos partidos resolveriam os problemas da sua democracia interna e de melhor representatividade dos eleitores.
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